Vou tentar traçar um paralelo do
filme “Amor a Toda Prova (2011)” com a realidade das separações.
O quarentão Cal Weaver (Steve
Carell) tem a vida dos sonhos: bom emprego, boas condições de vida, é casado há
25 anos com seu amor da adolescência, filhos bem comportados... Mas essa vida
perfeita desaba depois da descoberta de que Emily (Julianne Moore), sua esposa,
o traiu com um colega de trabalho e quer o divórcio. Ele estava numa relação
acomodada, com falta de vaidade e interrupção da arte da conquista, que somente
é praticada nos primeiros meses dos relacionamentos. Humilhado e desconsolado
passa a freqüentar bares e é rechaçado por várias mulheres, até que conhece
Jacob Palmer (Ryan Gosling), uma espécie de guru da conquista, que utiliza de
métodos narcísicos e rasos, porém infalíveis, para levar para sua cama qualquer
mulher que eleja. Sua técnica, sempre repetitiva e assertiva, somada a um banho
de lojas e mudança no visual, é logo aprendida por Cal, que se torna um canalha
de primeira, tudo na tentativa de redescobrir
sua masculinidade e vingar a "dignidade" perdida nos meios usados
pela ex em buscar "novidades" diante de sua crise conjugal. Mas, após algumas aventuras sexuais, ele se dará
conta de que sua vida não faz sentido sem a esposa, que mesmo tendo abandonado
o marido, ainda sonha em tê-lo de volta.
O casal tem 3 filhos, uma moça
recém-formada advogada, que já não mora com eles, um garoto de 13 anos e uma
menina com aproximadamente 9 anos, mas nenhum deles questiona a mãe a culpando
pela separação apesar da sua traição conjugal, há sim o desejo do menino de que
o pai reconquiste a mãe, reconhecendo portanto que havia sim uma parcela de
culpa do marido.
E como ele reconquista? Em
primeiro lugar, ele chega a sonhar que “o outro” está cuidando do jardim da
casa (que ele deixou para a esposa e filhos sem questionar metade ou 80% para
ele na partilha), e por isso ele vai todos os dias escondido à noite cuidar das
flores e plantinhas para que o amante não precise nem ter motivos para ir até
lá.
Enquanto ele sai galinhando,
comendo todas, ela nem quer mais saber “do caso” que ela teve. Fica bem claro
que o que ela queria desde o começo é que ele mudasse, voltasse a enxergá-la
para que continuassem juntos.
Para confessar eu não conheço
homem nenhum que tenha questionado ficar com a casa toda, ou 80% (que é
o meu caso), talvez porque sejam homens de verdade (no melhor sentido da
palavra) e que entendam que a mulher não está saindo em vantagem, mesmo aquela
que traiu, e sim os filhos estão sendo poupados.
O Cal reconquista a mulher porque
ela acaba enxergando que ele sim a ama e até se aperfeiçoou por ela.
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