quarta-feira, 28 de março de 2012

Porque os homens não pedem a separação?

Por que eles são acomodados! Tem uma piada que diz que é sempre a mulher quem decide pela separação. Seja ela a esposa, ou seja ela a amante. 

Meu pai já tinha até filha fora do casamento, e não queria se separar, eles têm muito mais preocupação com o "status" de ser casado e também se preocupam mais com o estigma de ter sido "largado". Conheci um colega que teve um filho com uma estagiária (com apenas uma relação sexual, segundo ele) e quando a mulher soube, se separaram. Ele acha que isso não era motivo, que homem é assim mesmo, é da natureza deles, mas o pior é que hoje, 2 anos depois de separado e já com outra há 1 ano, q nem é a estagiaria, ele diz que ainda ama a esposa, e que não suportaria vê-la com outro homem. Pode? E mais um detalhe, o cara é uma “metralhadora”, cantava todo mundo no curso e eu ainda era a “vítima” preferida. Sorte minha que ele está há anos-luz de fazer o meu tipo.

Marcos Méier disse numa entrevista que isso começou lá com Adão e Eva. Quando Deus perguntou por que ela havia comido o fruto proibido ela disse que havia sido fraca e foi convencida pela cobra. Quando Deus perguntou a Adão, ele culpa a mulher – que Deus deu pra ele! Ou seja, se não desse certo por a culpa em Eva, que a culpa fosse de Deus! Os homens não sabem lidar com o fato da culpa ser DELES.

Eu sofri pela perda do "status" casada, com comentários maldosos de algumas pessoas da família e conhecidos, sofri por me sentir culpada com a tristeza e mau desenvolvimento da minha filha na escola, sofri e ainda sofro por causa da "grana", sofri e sofro porque não consigo me interessar por homens porque só enxergo os defeitos e tenho medo de quebrar a cara de novo. 

Ás vezes penso que se tivesse procurado terapia de casal talvez ainda estivéssemos juntos, mas isso ia depender mais dele, tipo “à espera de um milagre” porque se ele não "mudasse muuuuito" não tinha como eu me apaixonar por ele de novo.


segunda-feira, 26 de março de 2012

Cansei de ser forte.

♫♫♫ Quando tá escuro
E ninguém te ouve
Quando chega a noite
E você pode chorar
Há uma luz no túnel
Dos desesperados
Há um cais de porto
Pra quem precisa chegar♫♫♫
(Paralamas do Sucesso – Lanterna dos Afogados).


Tem horas que eu não agüento sustentar esse sorriso e minhas brincadeiras. Muitas vezes o que eu faço é para não cair no chão e chorar, sinto que falta algo, sempre estou vazia, falta algo que eu nunca encontrei.
Tenho uma sensação de vazio que toda a noite vem me machucar e está acabando comigo, não consigo enxergar o que já construí, mas o que sim tudo que ainda não consegui. Estou sempre esperando que o que me falta venha e me complete.
Muitas e muitas noites e dias como hoje eu fico sentada na frente desse computador chorando, ou triste, e no instante seguinte eu levanto, e me faço forte sempre sorrindo, brincando, sempre bem, mas eu não estou bem, preciso de colo, estou frágil, quero carinho, atenção, alguém que me entenda de verdade, que ouça o que eu fale (não só minha psicóloga) alguém que me mostre o cais. Não quero ser levada, só quero avistar o porto, só quero encontrar essa coisa que me faz falta há tantos anos.

Preciso reconhecer que fracassei nos meus propósitos. Quero assumir que caí. Caí? Estou caindo... estou caindo... estou caindo... Me esborracharei no chão? Estou machucada, ferida. Me iludi, fui inocente.

"...E, perante os olhos intimadores dos homens e de tamanha curiosidade, ela levantou a cabeça e mostrou que não era uma boneca de porcelana, mas que podia ser quebrada várias vezes e que sempre conseguia se juntar sem perder nenhum dos pedaços."
(Clarice Lispector)
Mas apenas por hoje, cansei de ser forte!



♫♫♫  Porque longe das cercas
Embandeiradas
Que separam quintais
No cume calmo
Do meu olho que vê
Assenta a sombra sonora
De um disco voador... ♫♫♫
(Ouro de Tolo – Raul Seixas)

quinta-feira, 22 de março de 2012

Chá de Divórcio (2) - Lista de Presentes e Brincadeiras

Essas idéias surgiram da reportagem da Revista Época sobre Dicas para as Noivas (http://colunas.revistaepoca.globo.com/sexpedia/2012/03/21/o-cha-de-lingerie-que-vai-salvar-o-seu-futuro-casamento/).
Cansado de ver matérias sobre Chá de Panela/Cozinha, Chá de Lingerie, Chá Bar? E vc se divorciando?


Seus "pobrema se acabaro-se"
Dicas para o Chá de Divórcio:

 PRESENTES

1.     Sessões de psiquiatria;

2.     Sessões de psicologia;

3.     Caixas de Tofranil, Revotril, Dogmatil...;

4.     Vidrinhos de florais,

5.     Frascos de spray para melhorar a aura dos ambientes,

6.     Incenso, porta incenso;

7.     Livros e filmes de auto-ajuda;

8.     Objetos de decoração para repor o que foi levado;

9.     Roupas, lingeries, maquiagem novas;

10.  Vaquinha para os honorários do advogado, custas do cartório, comprar a outra metade do carro, a outra metade da casa, viajar, passear. 

BRINCADEIRAS

1.    Simulado da audiência, com direito a juiz(amiga mais equilibrada) pedindo decoro às partes;

2.     Discussão sobre filmes e livros de auto-ajuda;

3.     Jogo do Contente a la Pollyana/Pollyana Moça;

4.     Oficina de auto-maquiagem;

5.     Performance da divorciada com as lingeries novas ao som de "I am a slave for you";

6.     Desfile da divorciada com as roupas novas ao som de "I will survive";

7.    Simulado de paquera (tenho certeza q nem se chama mais assim rsrs);

8.    Customização/Reciclagem da aliança de casamento;

9.    Reconhecendo: cada amiga escreve um defeito q sempre notou no seu EX e você adivinha quem foi q não te contou isso a tempo de vc não se casar;

10.  Lista de cantadas: cada amiga te fala uma cantada tosca que vc vai levar de casados/comprometidos/horrrorosos... afinal, sem noção em geral, p vc ir digerindo aos poucos.

Mais sugestões?


sexta-feira, 16 de março de 2012

O Mercado Está Fraco - Processe a Fada Madrinha!

Relato de/sobre uma apaixonada na época que estava tudo “cor de rosa”no romance:

(A terapeuta está em lua de mel do seu segundo casamento. Depois de apenas alguns meses de namoro."Eu acredito no amor", afirma. 

Ela se depara, cada vez mais, com adultos incapazes de manter um relaciomento afetivo satisfatório. Seja na rádio ou no consultório, o que ela mais ouve são queixas de que "o mercado está fraco". "O mercado está ótimo. O problema é a labilidade (instabilidade) das relações", garante.

Para ela, homens e mulheres vem descartando potenciais parceiros por conta de detalhes insignificantes - quando se deveria priorizar valores mais essenciais. É o que ela chama de "teoria da calça", criada a partir de uma experiência pessoal.

"Quando era adolescente, fui ao cinema com um estudante de engenharia por quem eu era apaixonada. O rapaz usava uma calçahorrível, e aquilo me incomodou tanto que nunca mais quis sair com ele", conta. "Descartei uma pessoa sem me tocar de que poderia ter valores importantes para mim".

A maioria das mulheres busca um provedor, enquanto os homens estão mais preocupados com a beleza física. "As pessoas precisam parar de fazer projeções. E enxergar que o gordinho do seu lado é um cara legal, que aquele pobrinho que trabalha com você também é uma graça", recomenda.

Aliás, a própria se diz um exemplo do que prega. Casou-se com um gordinho e virou empresária da BANDA de rock da qual ele era vocalista e batalhou para fazê-la crescer nacionalmente. "É muito difícil encontrar um homem rico e bom. Como tive a sorte de achar um bom, vou fazer ele ficar rico")

Bom, e o q foi q aconteceu com ela? Assinou o divórcio com o carinha ano passado. Ele desistiu do rock e foi pro  sertanejo. E a Banda? Deve ter crescido sim, pq até eu já ouvi falar. Achou que ia acabar em: E FORAM FELIZES PARA SEMPRE? Não, mas que seja infinito enquanto dure e não eterno posto que é chama, diria Vinícius de Moraes.

“Sim, podemos processar a fada madrinha”, é o que afirma outra psicóloga, Odegine Graça, idealizadora do Clube da Autoestima da Mulher, recentemente lançado em Curitiba e que está levando reuniões para todo o Paraná e já esteve em Campo Largo. “Ao nos conhecermos, desmistificamos verdades mágicas, inscritas em nossas vidas pela varinha da fada madrinha. Desfazemos enganos, e refazemos nosso caminho. Dessa vez não mais pelo mágico, mas sim pela escolha pessoal. Decidimos trilhar nossa estrada, enfrentando nossas frustrações e aproveitando nossas felicidades, sem príncipes e sem carruagens que inevitavelmente se transformariam em abóboras. 
Trabalhamos e compramos nossa própria carruagem e escolhemos sapatos confortáveis, que não sejam de cristal. E tomamos de volta por meio da justiça de nosso juízo perfeito aquilo que nos tiraram com tantas ilusões”. Essa é a forma que encontramos para processar e tirar de vez da nossa vida, aquela que nos contos infantis é a boazinha da fada madrinha, mas que na realidade acaba se transformando na malvada de muitos adultos, especialmente das mulheres.


De acordo com Odegine, muitas mulheres, “a maioria delas - ATÉ MESMO AS EXPERIENTES PSICÓLOGAS”, escolhem contos de fadas, histórias e mitos para viver e repetir em seus relacionamentos amorosos. Histórias essas de muito sofrimento e reparação. “Os mitos e contos infantis direcionados ao feminino são altamente punitivos, restritivos e colocam a mulher no papel da má, daquela que fez algo errado e merece o sofrimento que está passando. Embora ela não saiba o que fez é culpada, isto leva muitas a sofrer de uma coisa que venho chamando de Síndrome do não Merecimento”, comenta a psicóloga Odegine.

Segundo ela, são inúmeros os perfis desenvolvidos pelas mulheres através da influencias dos contos de fadas. E da até para fazer uma comparação da personalidade de cada uma, com as belas dos principais desenhos infantis. http://blooming.plex.com.br/2010/11/10/podemos-processar-a-fada-madrinha/

A Bela encarna a salvadora. “É o perfil da mulher maltratada. Encontra uma Fera na vida, que pode ser um marido alcoólatra, um namorado viciado, ou mesmo um companheiro violento, OU O CARINHA ACOMODADO-DERROTADO PROFISSIONALMENTE, não importa o que ele faça OU SEJA de ruim, ela se entrega, perdoa e acredita que aquela fera não é o lado real do seu companheiro. Ela pensa que ele na verdade é um príncipe, que vai surgir maravilhosamente daquele corpo de fera enfeitiçado. Acredita que com certeza seu amor o libertará. Esse é o perfil da mulher vitimizada pela sua própria consciência enganosa, uma espécie de complexo de superpotência toma conta dessas mulheres e elas acreditam que podem mais que o próprio companheiro que decidiu ser fera. Elas doam sua juventude, sua vida de maneira literal, para provar que essas feras são príncipes e que elas são as salvadoras, e que com o amor delas, eles se libertarão.”



O cara que eu casei não era feio, não era violento, o “defeito” dele, as pessoas poderiam achar - era ser pobre , mas aí pensei: isso não tem importância alguma, o cara é bonito, gente fina, nos damos bem, vamos enriquecer juntos! Mas na verdade ele era um acomodado! E não se transformou para melhor, mesmo separados ele continua acomodado sendo sustentado pela mamãe.
Enquanto eu evoluía, ele decaía, trancou a faculdade logo q nos casamos, depois começou outro curso, que era o seu sonho, mas tb desistiu pq percebeu q era “bom demais” p ser um simples professor. E acabou fazendo um curso técnico sob muita pressão minha p ter pelo menos uma profissão definida, já que para continuar sendo um comerciário, ele tb se achava “bom demais”.

Acho uma furada essa de investir no "defeituoso" assim cegamente, e é o q a mulherada adora fazer – por trás de um grande homem há uma grande mulher OU ...vou transformar o seu rascunho em arte final... a la Kid Abelha - e não to querendo dizer q pretendo agora dar o golpe do baú, mas acho sim q a pessoa tem q “ornar” com vc, ela tem q ser no mínimo do teu nível, de estudo e profissional. Até o manual mórmom sobre namoro se refere a isso: não se deprecie, não rebaixe seu nível. E minhas amigas tb percebiam o quanto ele se sentia deslocado em conversas em encontros de casais, q ele achava um saco, pq segundo ele todos “se achavam” superiores a ele. Então ficávamos isolados, e eu me distanciava cada vez mais das amizades, da família, e até das festas com colegas do trabalho. 
Não adianta ficar beijando um sapo pq ele não vai se transformar em Príncipe! E se quiser continuar investindo na brincadeira, existe um site q disponibiliza um teste para saber se ele é Sapo, Príncipe ou Cinderela. O meu deu Cinderela, se bem q eu acho q ele é mais uma cruza de Cinderela c Sapo. 
http://delas.ig.com.br/amoresexo/teste+ele+e+um+principe+sapo+ou+cinderela/n1237859237844.html


Discordo que as pessoas vêm descartando potenciais parceiros por detalhes insignificantes, eu penso é q é sim complexo encontrar uma pessoa. Eu não estou no grupo q quer um “provedor” nem dos q se importam 1000 c aparência, mas acho q aceitar um defeitinho aqui, outro ali, não é o mesmo q aceitar um defeito monstro! Mas veja... eu não sou psicóloga, sou engenheira.

Então o mercado está, esteve e sempre estará difícil sim! E vai depender da manutenção do teu grau de exigência e quem sabe até de uma certa dose de sorte, ou de ingenuidade alterar para maior ou para menor a quantidade/qualidade de oportunidades de relacionamento.
Mais sobre o conto A BELA E A FERA e a violência (o maior e mais inaceitável defeito):

Após ler a história fiquei chocada. A Bela, sofre de síndrome de Estocolmo. Para quem não sabe o que é essa síndrome, é basicamente uma aproximação e empatia pelo sequestrador. A síndrome é sofrida por pessoas que são sequestradas. E é exatamente disso que o conto fala. De um homem que não tem um bom coração (pois é enfeitiçado como fera por não ter compaixão) que sequestra o pai da Bela. Na tentativa de salvar o pai, Bela se disponibiliza a ficar no lugar dele, já que este é um senhor de idade. Bela sofre os abusos impostos em seu cárcere. Precisa agir, vestir-se de acordo com as vontades da Fera. Até que um dia os moradores do vilarejo vão tentar resgatá-la e ela faz o quê? Protege a FERA. Protege o agressor, o sequestrador! Gente, isso é Síndrome de Estocolmo!
Já imaginou se a Bela se apaixonasse por outra pessoa e pedisse o divórcio? O que o seu “príncipe” iria fazer? Vemos histórias como essa na vida real todos os dias. 
O caso Eloá e o site o machismo mata exibem o que esse machismo e a violência faz com as mulheres. E como eu, uma feminista vou ler para minha filha essa história, esse mito de forma que ela entenda que esse comportamento não é legal? A Fera é um sequestrador e deveria ser punido por isso. Simples assim. Eu fechei o livro em estado de choque. Conhecia a história, mas fui aprender sobre essa síndrome recentemente, depois que tive mais contato com o movimento feminista. Então, quando reli, meu olhar estava mudado e eu realmente me senti muito desconfortável nessa situação. De todas as princesas da Disney a Bela é que tem a pior história de horror. Não é ver “a beleza através da feiúra” que o conto mostra. É se apaixonar pelo seu agressor. É incitar a aceitação da agressividade masculina, enxergando assim a “beleza interna” do agressor. É ser submissa ao mundo aceitando-o do jeito que é. É incentivar o comportamento passivo causado por um cárcere, sem indignação, sem reflexões e ainda por cima incentivando o imaginário feminino através de uma figura violenta como a Fera.
Disse para minha filha que se uma pessoa que ela não conhece a tratasse mal e a colocasse de castigo que ela não iria gostar da pessoa, mesmo que esse fosse um Príncipe Encantado. E desmistifiquei a história ali mesmo. Ao final, perguntei se ela gostou da história. Ela me disse que não. Depois ela foi brincar de massinha, para meu alívio.
A mídia, a literatura, os filmes nos ajudam a perpetuar os estereótipos e clichês aos nossos filhos. Cabe a nós termos um olho clínico e crítico quanto a esses mitos questionando-os e entendendo seu real sentido. Só assim poderemos ajudar nossos filhos a adquirir uma consciência sobre o mundo que nos cerca, para que esses esteriótipos, violência e o preconceito não seja repetido e disseminado.

segunda-feira, 12 de março de 2012

Sexo e Café.


Uma das bebidas mais simpáticas e consumidas do mundo, o café, pode muitas vezes gerar problemas sociais. Por mais absurdo que isso possa parecer.
O café não é uma bebida qualquer. Há toda uma questão social que o envolve. As cafeterias sempre lotadas são o maior exemplo. Não se trata de uma escolha para aquecer no inverno ou para tirar da boca o gosto de uma refeição pesada. É um convite para a socialização e oferecer a bebida é gesto amigável. Uma atitude elegante de anfitrião.
Além dos embaraços profissionais, há também a questão pessoal. O café é considerado  pelos marmanjos como a ferramenta perfeita para o início de uma amizade ou até de um flerte. Especialmente com alguma colega de trabalho mais distante ou uma mulher que encontram com freqüência em determinado lugar, mas que não têm proximidade suficiente para conversas mais profundas. Nesse caso, o convite para o café é considerado pelos homens o seu melhor amigo. Ninguém entenderia como maldade a princípio. Diferente do que envolve um convite para jantar fora, sair para balada ou mesmo a um cinema.

Mas depois do jantar fora, balada ou cinema, os homens podem até achar parecer estranho, mas algumas mulheres querem dizer isso mesmo quando o convidam a entrar para tomar um café, ao passo que outras estão a dizer «Entra e convence-me».
Tem até um blog de Portugal que associa o convite do café com o signo da mulher.  Pro meu signo, Capricórnio ele diz:
“Ela não está a pensar que você se sente muito atraído por ela, nem sequer presume que tornará necessariamente a sair consigo depois do primeiro encontro. Você tem de tentar descontraí-la e alimentar um pouco o seu ego. Se conseguir obter um sorriso, o café da manhã está mais do que garantido.”
Hahahaha e mais um pouco de hahahaha.....http://abruxinhadiz.blogs.sapo.pt/171839.html.

CAFÉ-SEXO: Depois do café-psicologia e do café-filosofia, barzinhos e restaurantes onde as pessoas se encontram para debater questões psicológicas e filosóficas, a última tendência na capital francesa é o café-sexo. A cidade já possui alguns desses estabelecimentos, onde são organizadas tardes de conversa sobre sexo com datas fixas. É preciso participar dos diálogos e contar um pouco de si, abrindo-se para os outros participantes "com um propósito terapêutico, mas, sobretudo, informativo", ressalta a psicanalista Helene Lechevalier. Trata-se de uma espécie de "Sex and the City" versão parisiense, feito em um clima agradável, com uma boa xícara de café e confidências feitas a desconhecidos.

Mas, se você convida um colega de trabalho para tomar café preto (marca genérica oriunda de licitação pública) num copinho de plástico com adoçante (marca genérica oriundo do bolso de um colega benfeitor) na cantina de 2x3m do prédio onde trabalham, não me parece que seja mais que simplesmente, UM CONVITE PARA TOMAR CAFÉ.

Se eu convido um(a) colega pro café, ela sabe que eu só estou caindo de sono e precisando de café na veia pra acordar ou é uma desculpa para podermos fofocar.


Agora veja o que aconteceu comigo quando convidei um colega de trabalho (durante o intervalo do curso de idiomas) para tomar o dito cafezinho.
Eu só queria dicas de como seria a prova do mestrado que eu iria fazer naquela semana, já que ele já havia participado da seleção. Não estava com segundas intenções com o cara, até mesmo porque feio ele não é, mas é meio gordinho e a professora, outra colega do curso e eu concordamos que ele é gay, e se não for leva o maior jeito. Pois o cara saiu correndo escada abaixo depois do convite dizendo que já tinha tomado café em casa.


O cara tava pensou que eu tava dando encima dele. Mas eu não tava.... meeeeesmo. Quando contei isso pra minha psicóloga ela me veio com a novidade de que os homens entendem um convite pra tomar café para uma deixa pra algo mais. Pensei: que absurdo! Ela deve ser mais doida que eu!

Porém na mesma semana leio no livro da Gisela Rao: "Dia 283 - Patrocinador de Alegria parece que adivinha quando a gente termina namoro, e o meu me ligou se convidando para tomar um café na minha própria casa. Café é a palavra secreta para você já sabe o quê, e não passa disso porque aqui em casa não tem nem sombra do pó preto e muito menos de cafeteira. Aliás nem sei como se faz esse negócio."

Resenha do livro:
http://blogburaco.blogspot.com.br/2012/01/livro-nao-comi-nao-rezei-mas-me-amei.html 

E aí que tal um cafezinho?
P.S.: aqui em casa tem pó preto e solúvel, e sei fazer ambos, e... sem cafeteira. Então se eu te convidar pra um café você no máximo poder trocar por: coca-cola zero, chá-mate com limão ou suco de frutas com soja! 

sábado, 10 de março de 2012

"Qual seu Número?' Relacionamentos Passados nas Redes Sociais.


Em tempos de puritanismo, a comédia "Qual seu Número?" é mais um prego no caixão da liberdade sexual. Críticas ao filme e à castidade que ele prega não significam apologia à promiscuidade, mas certa indignação por personagens que agem e pensam como se vivessem num passado muito distante.
A comédia é dirigida por Mark Mylod (das séries de televisão "Estados Unidos de Tara" e "Entourage"), fala sobre Ally (Anna Faris, das paródias "Todo Mundo em Pânico"), uma garota desesperada para se casar. Ela fica horrorizada ao ler, em uma revista feminina que segundo estudos, as mulheres que já tiveram mais de 20 parceiros sexuais ao longo da vida têm 96% de chance de não se casarem. E que, além disso, as mulheres têm em média 10,5 parceiros sexuais ao longo da vida.


 Acreditando que o número é baixo demais, ela puxa da memória todos os homens com quem já transou e passa a investigar junto a amigas qual é o número delas e descobre que é a mais assanhada de todas. Ela está quase na marca de 20 homens e por isso promete que o vigésimo será “o cara especial”. 


Mas aí ela toma um porre no noivado da irmã mais nova - que está para se casar com um ex-namorado do colegial e que era um babaca na época mas com o tempo evoluiu muito - e ela acaba acordando ao lado do ex-chefe que recém a demitiu e é “um porcão”. Aí ela decide não conhecer nenhum homem novo, sem antes reencontrar todos esses 19 ex-namorados para checar se não deixou escapar, dali, o homem de sua vida, pois quando chegar ao 21º não se casará mais.

Esqueça todas as conquistas feministas. Para Hollywood, só resta à mulher a opção de se casar com um homem lindo e rico e se realizar como dona-de-casa.

Então ela decide revisitar seu passado com o intuito de encontrar o homem dos seus sonhos sem ultrapassar este número mágico. Munida de uma lista de seus 20 ex-parceiros e com a ajuda de Colin, um vizinho mulherengo (Chris Evans, de 'Capitão América') que tem habilidade para investigar outras pessoas em redes sociais como o facebook. Em troca Ally passa a ajudá-lo a escapar das mulheres que leva para cama e que por vezes teimam em não ir embora tão logo a relação sexual termine.


Ela vai procurar um a um os ex-parceiros para descobrir o óbvio - se ela não se casou com eles naquela época, não vai ser agora que valerá a pena subir ao altar.
A personagem encontra dentre todas as decepções, apenas “um” que achou ter evoluído, o cara que acreditava ter sido o primeiro na vida dela, mas que ao saber que foi o segundo, surpreende-se, mas ainda assim aceita, pois acredita que ela o estava esperando – se guardando para ele – todos os longos anos em que ficaram separados. O problema é quando ela diz que na verdade foram 20. Aí o cara desiste. Fala sério!!!!!!!
O problema em "Qual seu Número?" é que o filme está completamente de acordo com o moralismo e a condenação da personagem, inclusive limpando sua barra no final. Sequer se dá ao trabalho de atentar para a contradição na qual o homem é mais bem visto quanto maior for o seu número de parceiras, e a mulher padece do contrário. 
Falta uma visão feminina e moderna do assunto.


É....como diria a campanha publicitária de um portal de anúncios grátis: 
Desapeeeeeega filha!

sexta-feira, 9 de março de 2012

"Sex and the City" - Os caras de 20 e poucos anos / Valley of the Twenty - Someting Guys

Temporada 1 - Episódio 4


Numa festa de um restaurante badalado, organizada por Samantha, que está saindo com o chef de 20 e poucos anos, Carrie conhece Sam, amigo do chef. Enquanto ele vai buscar um drink para ela e para sua amiga Miranda, que também sai com um cara de 20 e poucos anos, Skipper, Carrie fica pensando como os caras dessa idade sempre conhecem as pessoas certas e importantes para se conseguir as coisas: o barman, o porteiro, etc. Depois de um desencontro com Mr. Big, que lhe faz refletir sobre os quarentões serem como palavras cruzadas (difíceis, complicados e você nunca sabe se deu a resposta certa), Carrie vai para a balada com o cara de 20 e poucos anos. Carrie lembra da variedade de estilos dos caras dessa idade: o descolado, o executivo, o esportista… e de como podemos passar a noite inteira só beijando. O famoso “ficar” da nossa época.
Carrie fica imaginando o que eles vêem nas mulheres de 30 anos? As respostas dos personagens do episódio foram: “Elas apreciam tudo, são famintas (em relação a sexo)”, “Fazem sexo bem e entendem de vinhos”, “Elas sabem quem são e o que querem”, e “São inteligentes e gostam de sexo”. Carrie questiona Miranda sobre o porquê delas não se relacionarem com pessoas da mesma idade. Será que as mulheres de 30 se sentem mais seguras com os homens mais novos? Miranda é categórica: É DIFÍCIL ENCONTRAR UM HOMEM DA MESMA IDADE QUE SEJA SOLTEIRO.


Acho que é isso mesmo, quando eu tinha 24 conheci o EX que tinha 28 e quando fiz 27 e ele ainda estava entrando na casa dos 30 nos casamos. Agora, entre os 30 e 40, ou o cara já está casado ou no mínimo tá enrolando alguém (mas não deixa de estar beeeem comprometido).
Eu, particularmente só conheço caras de 27 anos. Devo jogar o número 27 ou 1985, ou combinações assim nos jogos de azar? Acho uma diferença meio grande, 9 anos, mas se a Susana Vieira pode (e ela podia ser avó do cara) porque a gente também não pode? Tá... eu não tenho a grana que ela tem rs...

E o pior é que no teste da Revista CLAUDIA - Quem é você em "Sex and the city"- pra mim deu Miranda. http://claudia.abril.com.br/testes/quem-e-voce-em-sex-and-the-city Logo a mais sem graça!? E por duas vezes. Claro que eu tentei fazer de novo e deu a mesma resposta! Pelo menos ela foi quem ficou mais linda na versão boneca, olha só:


Tem todas elas em: http://bonecasebonecas.wordpress.com/2008/08/29/sex-and-the-city/:

Samantha desiste deles quando percebe que ela será sempre “a mais velha”. E Carrie, mesmo depois de uma ótima noite de sexo, com direito a dormir de conchinha, vê a realidade de forma diferente quando acorda no apartamento do cara de 20 e poucos anos. Roupas sujas, caixas de pizza, toda a louça suja na pia, o colega que mora com ele, e o pior: sem café e sem papel higiênico! Isso tudo além do papo matinal, nem um pouco parecido com o papo sedutor da noite anterior. E Carrie cai na real: “Sou muito velha para isso!”


Mas e os acima dos 40? Não consigo me interessar por ninguém nessa faixa (os que já estão separados), parece que estão tão mal cuidados, tão desleixados, envelhecidos (não conheço nenhum bonitão tipo o Mr. Big da Carrie). A não ser os gays né? Mas estes não entram na conta.

É pra se animar ou desesperar?: http://revistamarieclaire.globo.com/Revista/Common/0,,EMI266891-17596,00-CADA+VEZ+MAIS+MULHERES+DE+ESTAO+SE+RELACIONANDO+COM+HOMENS+DE+E+POUCOS+ANOS.html.

Os depoimentos:

“AFINIDADE E AMOR SÃO MAIS IMPORTANTES DO QUE O ANO DO NASCIMENTO” 

“GOSTO DE HOMENS MAIS NOVOS. OS DA MINHA IDADE VÊM COM MUITA BAGAGEM, FILHOS E EX-MULHER” 

“EU ME PREOCUPO COM O FUTURO. SERÁ QUE ELE VAI ME DEIXAR E PROCURARGAROTAS DE 25?” 

domingo, 4 de março de 2012

MELANCOLIA - Há alívio e segurança possíveis na família, amor, instituições, cultura, arte, dinheiro, infância?



O cineasta dinamarquês Lars von Trier foi banido do Festival de Cannes em maio, após uma desastrada coletiva na qual disse, entre outras bobagens, “entender” Adolf Hitler. O contexto das declarações não tinha relação nenhuma com seu filme, Melancolia, uma inesperada mistura de drama e ficção científica que saiu do festival com o prêmio de melhor atriz para Kirsten Dunst.

A primeira parte se passa numa única noite: a do casamento de Justine (Kirsten Dunst), realizado no clube de golfe de seu arrogante cunhado, John (Kiefer Sutherland), marido da irmã dela, Claire (Charlotte Gainsbourg). No início, uma enorme limusine quase atolada num caminho estreito demais para as suas dimensões sinaliza o início dos tropeços desta trajetória. A bordo está o par de noivos Justine e Michael (Alexander Skarsgard), ainda rindo de toda a situação, atrasadíssimos para sua grande festa. Uma pompa que não esconde as profundas dúvidas da moça quanto ao passo que está dando. O clima de felicidade artificial, quase histérica, se dilui conforme a noiva mergulha num estado de melancolia paralisante.
A partir dos discursos à mesa, dos pais divorciados das irmãs (John Hurt e Charlotte Rampling), as aparências que os anfitriões Claire e o marido, John, estão tentando tão arduamente manter começam a rachar. E segue adiante uma lenta e sistemática demolição das crenças convencionais de que o casamento, o sucesso profissional e o financeiro possam sustentar qualquer tipo de estabilidade, seja pessoal ou coletiva.

“Quando tento caminhar, sinto um fio de lã, cinza e grosso, enrolado às minhas pernas”, confidencia à mãe.


Melancolia, um imenso planeta azul que está se aproximando ameaçadoramente da Terra. Diante da iminência da catástrofe, caberá à deprimida protagonista se revelar sábia e forte para lidar com a situação.

Segundo a lógica de Lars von Trier, o caos nos reduz ao que realmente somos. E só o fim do mundo coloca as coisas em seus devidos lugares.
"Melancolia" nasce diretamente de "Anticristo", obra que marcou o auge da depressão do diretor. "Melancolia" é uma espécie de ritual de saída da depressão, mas que nem por isso conduz ao otimismo.


No mundo de Von Trier, não há alívio nem segurança possíveis na família, no amor, nas instituições, na cultura, na arte, no dinheiro, na infância. E, para piorar, estamos sós no imenso universo e, ainda assim, não vamos durar muito.
Não contente de arremessar toda a sua potente munição criativa, mais uma vez, contra a sociedade constituída e desautorizar quaisquer utopias, o diretor encena a destruição da Terra, diante do iminente choque contra outro planeta, Melancolia. Azul como a Terra, como um enigmático duplo do nosso, ele ficou escondido atrás do sol todo este tempo, por isso, até agora invisível. Quando sai da sombra, porém, é para valer.
Se há um porta-voz de Von Trier no filme é Justine, que, invocando uma espécie de onisciência mágica (a única que a história permite), num dado momento garante à irmã que não há vida em outros planetas. É esse tipo de pessimismo que o diretor destila todo o tempo, da forma mais estética possível.


Mais do que o fim do mundo, a história tematiza a condição humana. Que as personagens principais sejam duas mulheres, irmãs cujos nomes identificam as duas partes do filme, é outra afirmação do diretor sobre a própria ambiguidade da espécie. Claire é a racional, adaptada às convenções, esposa e mãe. Justine é a irmã rebelde, insatisfeita, insegura, que busca apoio no cerimonial do casamento, mas nada encontra. Independente da colisão de planetas, este mundo também desabaria de qualquer modo, a qualquer momento. 

sexta-feira, 2 de março de 2012

Tomou Rivotril, Tofranil, Dogmatil, a dor sumiu?

Sobre usar ou não antidepressivos – Transcrição de trechos do livro “Comer, Rezar, Amar” de Elizabeth Gilbert. Pessoalmente, penso que ilustra de forma muito real e esclarecedora o tema.



Nunca quis tomar remédios, para começo de conversa. Passara muito tempo lutando para não tomá-los, sobretudo devido a uma longa lista de objeções pessoais (por exemplo:... ainda não sabemos que efeito esse negócio tem no cérebro a longo prazo; ...; estamos tratando os sintomas, não as causas, de uma emergência nacional na área da saúde mental...).

Encarei minha depressão como se fosse o maior desafio da minha vida, e é claro que era mesmo. Passei a estudar minha própria experiência depressiva, tentando desvendar suas causas. O que estava na raiz de todo aquele desespero? Seria psicológico? (Culpa de mamãe e papai?) Seria apenas temporário, um "período difícil" da minha vida? (Quando o divórcio terminar, será que a depressão vai terminar também?) Seria genético? (A Melancolia, chamada de muitos nomes, aflige minha família há gerações, junto com seu triste noivo, o Alcoolismo.) Seria cultural? (Será que isso é apenas a ressaca de uma americana pós-feminista que trabalha tentando encontrar o equilíbrio em um mundo urbano cada vez mais estressante e alienante?) Seria astrológico? (Será que estou tão triste porque sou uma canceriana sensível cujas principais características são todas regidas pelo instável Gêmeos?) Seria artístico? (As pessoas criativas não sofrem sempre de depressão por serem ultra-sensíveis e especiais?) Seria evolucionário? (Será que carrego comigo o pânico residual que vem de milênios de tentativas da minha espécie de sobreviver em um mundo brutal?) Seria cármico? (Será que esses espasmos de tristeza são apenas as conseqüências de um mau comportamento em vidas passadas, os últimos obstáculos antes da libertação? Seria hormonal? Nutricional? Filosófico? Sazonal? Ambiental? Será que eu estava experimentando uma ânsia universal por Deus? Será que estava com um desequilíbrio químico? Ou será que eu simplesmente precisava transar?)

E, quando aquelas revistas femininas intrometidas não paravam de me dizer que minha baixa auto-estima não estava ajudando em nada a curar a depressão, fiz um bonito corte de cabelos, comprei alguns produtos caros de maquiagem e um belo vestido. (Quando um amigo elogiou meu novo visual, tudo que consegui dizer, de cara fechada, foi: "Operação Auto-Estima - Porra de Dia Um.")

A última coisa que tentei, depois de dois anos de luta contra essa tristeza, foi tomar remédios. Se me permitem expor minhas opiniões aqui, acho que isso sempre deve ser a última coisa a se tentar. Para mim, a decisão de tomar o caminho da "Vitamina P" aconteceu depois de uma noite em que eu havia passado horas sentada no chão do meu quarto, tentando seriamente convencer a mim mesma a não cortar meu próprio braço com uma faca de cozinha. Nessa noite, ganhei a discussão com a faca, mas foi por pouco.
Naquela época, andava tendo algumas outras boas idéias - sobre como pular do alto de um prédio ou explodir minha cabeça com um tiro poderia pôr fim ao sofrimento Mas alguma coisa no fato de passar a noite com uma faca na mão me fez ver a situação com outros olhos.

E nunca vou me esquecer da expressão de uma amiga ao entrar correndo no meu apartamento, cerca de uma hora depois do meu telefonema pedindo socorro, e me ver encolhida no sofá. A imagem da minha dor refletida no visível medo que ela sentiu pela minha vida ainda é para mim uma das lembranças mais assustadoras de todos aqueles anos assustadores. Fiquei encolhida em posição fetal, enquanto minha amiga dava alguns telefonemas e encontrava um psiquiatra que pudesse me atender naquele mesmo dia para conversar sobre a possibilidade de me receitar antidepressivos. Escutei metade daquele diálogo telefônico de Susan com o médico, e ouvi-a dizer: "Acho ela vai se machucar seriamente." Eu também estava com medo.

Quando fui à consulta com o psiquiatra, naquela tarde, ele me perguntou por que eu havia demorado tanto a pedir ajuda — como se eu já não estivesse tentando ajudar a mim mesma havia muito tempo. Eu lhe falei sobre minhas objeções e minhas reservas em relação aos antidepressivos.....Por favor, não faça nada que vá prejudicar meu cérebro. Ele disse: "Se você estivesse com uma doença renal, não hesitaria em tomar remédios para curá-la - por que está hesitando neste caso?"
Ele me receitou vários remédios diferentes... As pílulas me devolveram essas horas de recuperação noturna, e também impediram minhas mãos de tremer e aliviaram a intensa pressão no meu peito e o botão de emergência apertado dentro do meu coração.
Mesmo assim, nunca me senti muito bem tomando esses remédios, embora eles tenham me ajudado imediatamente. Pouco importava quem me dissesse que esses remédios eram uma boa idéia e que eram perfeitamente seguros; tomá-los nunca deixou de ser um conflito para mim. Os remédios faziam parte da minha ponte para o outro lado, não há dúvida, mas eu queria parar assim que possível. Comecei a tomar a medicação em janeiro de 2003. Em maio, já estava diminuindo significativamente a dosagem. De toda forma, aqueles haviam sido os meses mais difíceis - os últimos meses do divórcio. Será que eu teria suportado essa época sem os remédios, se tivesse segurado um pouco mais? Será que teria sobrevivido a mim mesma sozinha? Não sei. É essa a característica da vida humana — não há grupo placebo, não há nenhuma maneira de saber como qualquer um de nós teria se comportado caso qualquer uma das variáveis houvesse mudado.
O que sei é que esses remédios fizeram meu pesar parecer menos catastrófico. Então, sou grata por isso. Mas ainda sou profundamente ambivalente em relação a remédios que alteram o humor. Fico pasma com seu poder, mas preocupada com sua difusão, acho que precisam ser receitados e usados com muito mais moderação, e nunca sem o tratamento paralelo de um aconselhamento psicológico. Medicar o sintoma de qualquer doença sem explorar sua causa inicial é apenas um modo classicamente burro e ocidental de achar que qualquer um poderia melhorar de verdade. Essas pílulas podem ter salvado a minha vida, mas só fizeram isso em conjunção com cerca de outros vinte esforços que eu estava fazendo simultaneamente, durante aquele mesmo período, para resgatar a mim mesma, e espero nunca mais precisar delas.

Lembro-me de cena vez recorrer a meu caderninho íntimo em uma fúria amargurada de raiva e tristeza, e rabiscar uma mensagem para minha voz interior – para meu reconforto interior divino - que ocupou uma página inteira de letras maiúsculas:
"PORRA, EU NÃO ESTOU ACREDITANDO EM VOCÊ!!!!!!!!"


Depois de alguns instantes, ainda ofegante, senti um pontinho de luz claramente se acender dentro de mim. E então me vi escrevendo a seguinte resposta bem-humorada e muito calma:
Então com quem você está falando?
Desde então, nunca mais duvidei de sua existência. Logo, hoje à noite estendo outra vez a mão para essa voz. E a primeira vez que faço isso desde que cheguei à Itália. O que escrevo no meu diário esta noite é que estou fraca e com muito medo. Explico que a Depressão e a Solidão apareceram, e que estou com medo de elas nunca mais irem embora. Digo que não quero mais tomar os remédios, mas estou com medo de precisar tomar. Estou com pânico de nunca mais conseguir dar um jeito na minha vida.
Como resposta, de algum lugar de dentro de mim, surge uma presença agora familiar, que me oferece todas as certezas que eu sempre quis que outra pessoa me desse quando eu estava com problemas. O que me vejo escrevendo para mim mesma no papel é o seguinte:

Estou aqui. Eu amo você. Não me importo se você tiver de passar a noite inteira acordada chorando, eu fico com você. Se você precisar dos remédios de novo, não tem problema, tome - eu vou amar você do mesmo jeito, se fizer isso. Se você não precisar dos remédios, vou amar você do mesmo jeito. Não há nada que você possa fazer para perder o meu amor. Vou proteger você até você morrer, e depois da sua morte vou continuar protegendo você. Sou mais forte do que a Depressão e mais corajosa do que a Solidão, e nada nunca vai me desanimar.

Hoje, esse estranho gesto interior de amizade - a mão estendida por mim para mim mesma, quando não há mais ninguém por perto para oferecer consolo - me lembra algo que me aconteceu certa vez. Uma tarde, entrei em um prédio comercial às pressas, e corri para o elevador que estava parado. Ao entrar, vi a mim mesma de relance no reflexo de um espelho de segurança. Naquele instante, meu cérebro fez uma coisa esquisita - enviou a seguinte mensagem, que durou uma fração de segundo: "Ei! Você conhece aquela mulher ali! Ela é amiga sua!" E eu, de fato, saí correndo em direção ao meu próprio reflexo com um sorriso no rosto, pronta para cumprimentar aquela moça de cujo nome eu havia me esquecido, mas cujo rosto era tão conhecido. Em uma fração de segundo, é claro, percebi meu erro, e ri, envergonhada por não saber como funciona um espelho, feito um cachorro. Por algum motivo, porém, torno a me lembrar desse incidente nesta noite, durante minha tristeza romana, e vejo-me escrevendo este reconfortante lembrete no pé da página:

Nunca se esqueça de que, um dia, em um instante de espontaneidade, você reconheceu a si mesma como uma amiga.

Caio no sono segurando o caderninho bem apertado contra o peito, aberto nessa última frase reconfortante. Pela manhã, quando acordo, ainda posso sentir um ranço da fumaça do charuto da Depressão, mas ela própria não está por perto. Em algum momento da noite, levantou-se e foi embora. E sua amiga Solidão também deu o fora.